Tuesday, December 18, 2007

Cano enferrujado

Cuidado com canos enferrujados.

A ferrugem se acumula lentamente dentro de canos antigos, de ferro, e vai bloqueando o fluxo de água. Chega uma hora em que não passa mais nada. É hora de fazer uma limpeza, soprando ar sob pressão para remover o excesso de ferrugem.

O problema é quando a ferrugem já consumiu todo cano. A limpeza abre um buraco no cano. A água sai suja na torneira, e começa a se infiltrar pela parede. É um desastre. Hora de quebrar e construir tudo de novo.

Quando acumulamos defeitos e vícios, somos como um cano que está se enferrujando. Usamos mal nosso potencial, e a ferrugem vai bloqueando nossa capacidade de agir corretamente. No momento em que acordamos para a realidade, a tentação é tentar limpar o cano de uma vez. Mas será que sobrou algo do cano ainda?

Ter estrutura para enfrentar os próprios vícios é importante e necessário. Limpar o cano sem tomar os devidos cuidados antes pode significar problemas. Disciplina, humildade e consciência dos próprios limites são necessidades básicas. A reconstrução será mais penosa se o cano já estiver comprometido além da conta. Por isso, o melhor é evitar a ferrugem, mantendo sempre os canos sempre limpos. Assim você terá água limpa por toda vida.

O anjo e o malfeitor

... o Enviado Celeste, convicto de que fora recomendado pelo Senhor a servir e não a questionar, ...
Estante da Vida, Crônica 7. Chico Xavier & Irmão X.
Gosto muito das crônicas do Irmão X, sempre curtas, diretas e de fácil leitura. A crônica "O anjo e o malfeitor" versa sobre a importância do serviço ativo como instrumento de elevação espiritual. Nesse conto, os luminares da cultura - o virtuoso, o filósofo, o filantropo, entre outros - ficam para trás na sua evolução, e são superados pelo malfeitor que ouviu o chamado do anjo.

A passagem acima me chamou a atenção, apesar de ser apenas tangencial ao desenvolvimento do tema. O anjo se lembrou explicitamente da recomendação celestial: servir e não questionar.

O anjo poderia ter ficado parado, questionando a imobilidade dos homens encarnados. E isso não resolveria nada. Ele fez o certo: serviu sem questionar, da melhor forma que pode. Se materializou, e sensibilizou ao malfeitor, que atendeu o chamado e também se transformou em um servidor.

Ação gera ação. Serviço chama por mais serviço. Por outro lado, o questionamento vazio nunca se traduz em ação. A reclamação que gera mais reclamação é nociva e deve ser banida. Questionar é necessário se puder se traduzir em resultado. No final do conto, os luminares ficam sabendo que precisam voltar para servir mais. Estão sendo questionados - no momento certo. Essa é uma lição preciosa para se carregar no dia a dia.